Neblina.

Era seu aniversário. Uma data que ainda não se acostumara a passar. Sempre odiou envelhecer e festejar.Mesmo que seu rosto tenha a aparência tão juvenil, o qual era impossível adivinhar sua idade, sempre aparentou mais nova.

Mas dessa vez ainda não apareceu ninguém. É noite e a garota do cabelo negro e olhos castanhos ainda continua em sua varanda com seu café na mão rabiscando uns trechos mal escritos.

A noite caiu adentro, nem lua, tão pouco estrelas.Pra sua alegria era outono. E pra ela não havia nada melhor do que noites de outono.

Sem muito animo ou criatividade para acabar com o tédio apenas colocou um de seus favoritos vinis para tocar e ali sozinha em sua varada, dançou como se houvesse um par a segurando em seus braços.Deslizando sob o piso e esvoaçando os longos cabelos.

Seu café já esfriava e horas se passavam ali.Desatenta, de olhos fechado.

Seu rapaz o qual não o virá o dia inteiro estava a olhar do outro lado da rua. E ele pensou se era possível se apaixonar pela segunda vez pela mesma pessoa.Nunca a vira tão deslumbrante. Sem que ela percebesse sua aproximação, juntou-te a ela, segurando uma de suas mãos e a cintura, fortemente junto a ele. Ela não parou de dançar. Mas agora ele conduzia a dança.

Já passara da meia noite e seu aniversário já havia ido, mas ela tampouco se incomodou.

Ela o fitava nos olhos, como uma conecção, não desviava o olhar, apenas dançavam, como um casal deve dançar.Sentiam a música, sentiam algo dentre eles e ela se sentia feliz.

Por fim a música cessou. Ele continuou na mesma posição junto a ela, mas sem se mexerem, mas como se estivessem prontos para dançar.Então ela sorriu e ele com as mãos fortes e decisivas segurando-a pela cintura e nuca lhe beijou.Enroscaram-se ainda no beijo por alguns minutos.Conversaram após, uma ou duas coisas. Mas sabiam que não havia necessidade de conversas. Então se silenciaram.

Somente se olhando, ele acariciava seu rosto, e entrelaçava os dedos em seus cabelos e um pouco das vezes percorria com a mão em seu corpo.E em um momento que nós não sabemos qual, somente eles, em algum momento eles se entregaram, sem dizer qualquer palavra.

Sem mais dança, era quase madrugada, e eles já haviam passado horas na varanda. O rapaz então a acompanhou para dentro de sua casa.A levou para seu quarto.Não posso deixar de relatar, a garota estava tão feliz naquela noite de outono. No quarto da garota ela o beijou e ele a despiu.Ela nunca havia sido tocada com tanto respeito e excitação como ele a fazia.Passaram na cama se desfrutando até o amanhecer.

Era dia e estava nublado, e ela apreciava um belo dia nublado.Ele tinha que trabalhar, e logo mais ela também.Ele se levantou se vestiu, beijou-lhe a testa e ombros enquanto ela ainda sonolenta.E o rapaz ao sair fitou seu corpo semi-nú na cama e disse “feliz aniversário  querida”. Ela sorriu e nada disse.Durante aquele dia ela saberia que dançaria novamente com seu rapaz.Nada mais importava, era apenas mais um dia de neblina de outono...Ela sorriu, ela o amava.

- TH.Machuca